Pessoas Incluindo Pessoas
EP 01 - Como assim, não tem?
No primeiro episódio do Pessoas Incluindo Pessoas, convidamos você a nos acompanhar em nossa busca por um local acessível para a gravação de um podcast. Esta jornada nos levou a refletir sobre o lugar do protagonismo das pessoas com deficiência na sociedade. Para essa conversa leve e divertida, recebemos na sede do Instituto Paradigma a idealizadora da plataforma Meu Corpo é Real, Michele Simões.
EP 01 - Como assim, não tem?
A história do título deste episódio surgiu quando decidimos produzir um podcast e começamos a procurar produtoras que pudessem nos ajudar. Foi frustrante descobrir que a maioria das empresas não está preparada para receber pessoas com deficiência como protagonistas. Dos nove estúdios que contatamos, nenhum possuía acessibilidade. Daí surgiu o título: Como assim, não tem?
Conheça a Primeira Convidada do Podcast
Michele Simões é a idealizadora da plataforma Meu Corpo é Real. Desde 2013, ela vem construindo projetos e parcerias focados em promover a equidade de experiência para consumidores com deficiência, colaborando com marcas como Converse, Hering, Ford, C6 Bank, entre outras.
Formada em Estilismo em Moda pela Universidade Estadual de Londrina e pós-graduada em Comunicação e Cultura de Moda pela Belas Artes, Michele também se especializou e atuou na consultoria de imagem. Esta experiência ampliou ainda mais sua visão e expertise no cenário da Moda Inclusiva, onde foi uma das precursoras no desenvolvimento de projetos e ações com foco no protagonismo de pessoas com deficiência na moda brasileira.
Leia a transcrição da conversa
Vinheta
Pessoas Incluindo Pessoas.
Flávia Cintra
Olá, eu sou a Flávia Cintra e esse é o podcast do Instituto Paradigma, que desde 2003 promove o protagonismo, a igualdade de oportunidades e a equidade de direitos entre pessoas com e sem deficiência. Esse é o nosso primeiro programa.
O nome nasce de um questionamento. Porque depois de décadas de lutas por direitos, que já são garantidos por leis há tanto tempo, a gente ainda tem que conviver com a invisibilização das pessoas com deficiência, o capacitismo e a exclusão no trabalho, na arte, na cultura?
Arthur Calazans
E aí, gente, tudo bem? Eu sou Arthur Calazans.
Há pouco tempo, em uma reunião do Instituto Paradigma, conversávamos sobre os desafios da inclusão de pessoas com deficiência. Surgiu a ideia de contar essas histórias nessa ferramenta democrática que são os podcasts.
Hoje é possível ouvir qualquer assunto pelas diferentes plataformas. Mas será que todos os conteúdos são acessíveis? Será que os estúdios de gravação são acessíveis?
Val Paviatti
Pois é, essa será a nossa primeira história.
Eu sou Val Paviatti e vamos contar com a parceria do Uirá Vital na produção dessa jornada radiofônica. Vem com a gente se informar e também se divertir com o podcast do Instituto Paradigma.
“Como assim? Não tem? Como assim? Não tem. Como assim? Como assim? Falei? Como assim? Você não tem como a gente?”
Vinheta
Flávia Cintra
Então vamos começar o nosso primeiro encontro para falar sobre inclusão, acessibilidade, tantos desafios.
Eu sou a Flávia Cintra, estou aqui no Instituto Paradigma. Eu sou uma mulher branca, de cabelos e olhos castanhos. Estou usando hoje uma blusa e uma calça pretas, sentada na minha cadeira de rodas que é verde, e aqui ao meu lado temos o Arthur Calazans, a Val Paviatti.
Val Paviatti
Olá, eu sou a Val Paviatti, uma mulher de 51 anos, casada, cabelos e olhos castanhos, cabelos cacheados e pele branca.
Arthur Calazans
Oi, eu sou o Artur, eu tenho cabelo, barba… grisalhos, tenho pele branca e os olhos castanhos. Estou vestindo uma camisa bege, uma calça jeans e um tênis preto.
Flávia Cintra
E como nossa primeira convidada para esse papo, nós trouxemos a Michele Simões.
Val Paviatti
A convidada de hoje é idealizadora da plataforma “Meu Corpo é Real”, e atua desde 2013 construindo projetos e parcerias focadas em promover equidade de experiência para consumidores com deficiência.
Formada em Estilismo em Moda pela Universidade Estadual de Londrina. Pós-graduada em Comunicação e Cultura de Moda pelas Belas Artes.
Também se especializou e atuou na consultoria de imagem, cuja frente ampliou ainda mais sua visão e expertise no cenário da moda inclusiva, onde foi uma das precursoras no desenvolvimento de projetos e ações com foco no protagonismo de pessoas com deficiência na moda brasileira.
Com vocês, Michele Simões!
Flávia Cintra
Bem-vinda Michele! Michele se descreve pra gente.
Michele Simões
Olá! Que prazer estar aqui com você hoje, com vocês!
Bom, vou aqui começar minha autodescrição. Eu sou uma mulher branca de cabelos e olhos castanhos… estou vestindo uma blusa amarela e uma calça jeans e uma bota dourada, porque eu sou uma pessoa bem discreta.
Flávia
Estilosíssima! Não, você tem que falar desses brincos.
Michele
Ah é… os meus brincos azuis turquesa, também para complementar as cores. Eu amo cor.
Flávia
Michele, antes de começar a conversar, vamos ouvir a história que nos trouxe aqui hoje.
Michele
Vamos! Bóra!
Vinheta
Arthur Calazans
Essa história nasce quando o Instituto Paradigma decide produzir um podcast. Fomos em busca de produtoras que nos ajudassem a realizar esse projeto. Foi frustrante nos depararmos com a realidade de que a maioria das empresas não está pronta para receber a pessoa com deficiência no lugar de protagonista. Os nove estúdios que entramos em contato não possuíam acessibilidade.
E aí surge o título desse primeiro episódio: “Como assim, não tem?”
Vinheta
Flávia
Como assim? Michele Simões me ajuda a entender! Por que que ainda não tem?
Michele
Olha, Flávia, eu acho que ainda não tem. E eu acho que isso, na verdade, espelha muito do que a gente entende como protagonismo de pessoas com deficiência. Quando você fala de um podcast, de um lugar onde dá voz ativa para as pessoas, eu acho que a gente ainda continua num lugar só.
A gente imagina que apenas um perfil de pessoas possa estar falando sobre coisas interessantes.
Michele
E eu acho que uma coisa que me chama atenção, inclusive no mundo dos podcasters, é que eu quase nunca vejo pessoas com deficiência falando e estando nessas discussões. E eu acho que indo além, falando além da deficiência, porque a gente quer trocar, a gente quer falar sobre um monte de coisa.
Então, eu, particularmente entendo esse “como assim, não tem?”, como algo que espelha justamente essa ausência dos nossos corpos em ocupar esses lugares de protagonismo.
Flávia
Você percebe isso no seu dia a dia de trabalho, no mundo da moda?
Michele
Com certeza. A partir do momento em que eu tento fazer uma coisa simples, como me inspirar em alguém, eu costumo dizer se você colocar lá, moda, quantos corpos com deficiência você vai achar?
Aí você tem que ir repartindo isso. Há, então moda para pessoas com deficiência, ou moda,… tá, eu sou cadeirante… moda para pessoas em cadeira de rodas.
Então a representatividade de um corpo com deficiência dentro do segmento de moda ainda é quase nula.
Flávia
A gente está falando de protagonismo, de acessibilidade e a falta dessa acessibilidade nos impede de assumir o nosso protagonismo.
E eu acho que uma camada ainda abaixo, para a gente protagonizar uma situação, a gente tem que se sentir pertencendo, tem que se sentir livre e com orgulho de ser quem é.
A gente ainda não chegou nesse ponto na sociedade.
A minha percepção é que hoje as pessoas começam a entender um pouco mais o nosso lugar na plateia, mas no palco a gente ainda não é considerado. Você pensa assim?
Michele
Não, com certeza.
Aliás, você falando disso me lembra uma situação em que eu vivi, mas teve um desfecho legal, que fala muito de palco e protagonismo.
Eu queria aprender a tocar bateria. E aí eu tive um professor que topou. Eu fazia parte de um projeto e ele falou “não vamos, vamos mergulhar nessa”. Porque no caso, eu não tenho mobilidade dos pés.
Então como é que se imagina um cadeirante tocando bateria? E eu fui pra esse projeto e começou esse aprendizado mútuo, porque ele teve que desconstruir aquilo que ele ensinava para as outras pessoas e construiu uma nova forma de ensinar e de aprender bateria, porque ele também teve que aprender.
Michele
E isso foi muito legal, porque isso impactou todo um ecossistema. A partir desse momento em que eu estava presente na escola, muita coisa começou a mudar.
A acessibilidade, o posicionamento diante da banda, onde a gente encaixa a Michele, no caso da nossa banda, tinha duas bateristas, então era muito legal e era uma banda só de mulheres, então a gente já chegava quebrando tabus, a gente tocava rock.
Flávia
Ai que demais!
Michele
E aí a gente tinha como a cada temporada a gente tinha que se apresentar em algumas casas aqui em São Paulo. E advinha? Nunca se imaginou um corpo com deficiência no palco, quiçá uma mulher baterista.
Flávia
Nos bares de São Paulo.
Michele
Exatamente.
Flávia
É aqueles que às vezes a gente até conseguia entrar, mas não conseguia subir no palco ou nem para público?
Michele
Não. A gente até conseguiria entrar, mas aí, no caso, você não cabe na mesa, você não consegue fazer o pedido no bar que é super alto, você tem uma série de desafios até você chegar.
Imagina você chegar num lugar de protagonismo como numa banda, né?
São tantas invisibilidades, você não tem banheiro. Eu acho ótimo quando eles falam não tem, tem banheiro, tem que está adaptado, só tem um degrauzinho.
Flávia
A gente, ajuda.
Michele
É muito icônico. Enfim, só pra complementar, aí aconteceu que a todos os momentos em que a gente tinha que fazer essas apresentações, a escola se responsabilizou por construir as rampas.
Então, literalmente eu tive uma ponte para o protagonismo. E aquilo impactava muitas as pessoas em olhar, caramba, nunca imaginei que isso poderia acontecer. E foi muito legal que depois de um tempo eu encontrei um cadeirante e ele falou “Nossa, eu adoro ver você, que eu também toco bateria.”
Michele
E o pertencimento e a capacidade que a gente tem de conseguir sonhar vendo outras pessoas. Eu acho que a gente está num momento de inauguração da nossa presença no mundo. A gente primeiro em tudo, o que é um absurdo.
Arthur
E eu estou pensando aqui no meu professor, que eu toco bateria também. E aí, como foi desconstruir toda essa lógica de educar?
E o que os professores fazem hoje na educação? Porque só se educa para todos. Não existe uma educação para um ou para outro. Outra pessoa. Eu penso que isso foi educar para o anticapacitismo foi, ampliar, diversificar.
Arthur
Você ganhou, mas todo mundo que estava ali ganhou. Todo mundo que estava no bar ganhou. E o mundo ganha com a diversidade. O mundo ganha com o anticapacitismo.
Michele
Sem dúvida, eu defendo ativamente o que eu acho que a deficiência é uma lente para a gente pensar inovação. E historicamente, a gente tem uma série de exemplos.
A gente tem, por exemplo, a legenda que hoje todo mundo usa. Ela foi criada por uma pessoa surda, que era engenheiro de software no YouTube, no Google.
E ele falou olha, no começo do YouTube aí se a gente colocar umas legendas porque ele era surdo, o protocolo de e-mail, o primeiro protocolo de e-mail foi o Van Surf que desenvolveu, e ele era um homem surdo que queria se comunicar no horário de trabalho com a sua esposa.
Então olha o número de inovações que a gente tem.
Michele
A gente tem um tênis, não sei se pode falar, marca. A Nike desenvolveu o primeiro tênis que você não precisa amarrar. E aí foi bem numa época de pandemia, imagina, ninguém queria tocar em nada.
Então olha a inovação que a gente tem, então assim, tem muitos exemplos. Então a gente, a partir do momento em que você está convivendo com a diversidade, você ganha novas lentes para pensar o mundo.
Michele
E pessoas com deficiência são usuários extremos, que são as pessoas que estão acostumadas a fazer tudo de uma maneira completamente diferente do padrão, do médio, do homem médio.
Flávia
E a gente busca por produtos, serviços, situações que também incluam estética, porque ainda tem um pensamento, muitas vezes, que retrata a deficiência de um jeito confundido com a doença e remete ao ambiente hospitalar.
Arthur
O banheiro é um caso… o banheiro é o banheiro branco, o banheiro com aquele espelho…
Michele
Quando tem espelho!
Arthur
Quando tem espelho!
Flávia
Você fez um post maravilhoso sobre isso.
Arthur
Muito legal, muito bacana, que é sobre corpos, corpos diversos, né?
Flávia
E quando tem um espelho que a gente não consegue alcançar, não consegue se ver. Achei tão legal a reflexão que você provocou naquilo.
Michele
Eu acho aquilo muito absurdo e abusivo.
Flávia
O que está escrito mesmo?
Michele
Eu não lembro exatamente o título, mas basicamente eu fiz as pessoas pensarem por que os espelhos, por exemplo, de elevadores, você tem uma altura específica ou você entra em banheiros para pessoas com deficiência nem espelho tem. E isso, quando a gente para pra pensar, tem uma raiz.
Flávia
O que era algo como, o que reflete a falta dos espelhos, a ausência de espelhos…
Michele
Não sei se você consegue ver o título, mas não lembro exatamente o tipo.
Flávia
Porque e isso é parte da ideia de que uma pessoa com deficiência não tem vaidade. Não importa a aparência dela, ela não está preocupada com isso. É quase que desvincular a estética, a beleza.
Michele
A funcionalidade. É como se a gente fosse só um corpo que precisa ser funcional, como a gente não é, as pessoas tentam trazer essa lógica para os produtos e serviços, mas a gente precisa de funcionalidade.
Mas a gente continua querendo beleza no mundo. A gente continua querendo encantamento para comprar as coisas.
E uma coisa que me incomoda muito é, por exemplo, como a gente fala de publicidade quando a pessoa com deficiência é basicamente o cumprir um protocolo, onde vai ter algum personagem ali no fundo.
Michele
Mas toda a campanha, todo aquele universo que é elaborado para você vender, nunca é pensado para um corpo com deficiência. E eu vou além, eu acho que até a usabilidade, é algo que me incomoda muito, porque a gente não consegue colocar a forma que pessoas com deficiência utilizam as coisas dentro da publicidade. Isso incomoda a forma.
Flávia
Por exemplo?
Michele
Quando uma pessoa abre uma garrafa de água com a boca.
Arthur
A experiência do cliente.
Michele
Exato, alguém vai colocar aquilo. Isso é parte de falta de acessibilidade, mas isso também é parte de que, eu vou mostrar pessoas com deficiência até um plano, até um plano que é aceitável daqui para frente, aí já é muito arriscado para a minha marca.
Flávia
A gente ta muito numa primeira camada, porque é super novo, a gente vê na TV aberta, assim, filmes publicitários que trazem pessoas com deficiência e isso, eu já estou comemorando porque passei a vida inteira sem ver.
Mas é muito superficial ainda, né?
Michele
Eu comemoro também, Flávia.
Eu sou a pessoa que eu celebro cada conquista que a gente tem, porque eu acho que a gente veio de um, e é isso, acabou de falar, a gente está protagonizando agora, a gente está inaugurando o mundo agora…
eu falo assim, que eu me sinto a eterna, o primeiro dia de aula, a síndrome do primeiro dia de aula sempre, porque todos os lugares que a gente vai só tem a gente.
Michele
E mais ainda, quantas pessoas dentro desse protagonismo de pessoas com deficiência, são interseccionais porque eu falo que são poucas!
Quando eu olho o mercado de trabalho, a liderança quase sempre masculina, dentro da camada de pessoas com deficiência, poucas mulheres e quase sempre pessoas brancas.
Então olha a camada que a gente ainda está. Dentro da moda, quando começou a moda começou a trazer pessoas com deficiência, eu falei cara, é como se a gente estivesse replicando uma mesma lógica agora, para lógica PCD.
Michele
E só pessoas magras, brancas, pertencentes a uma mesma classe, inclusive eu.
Então é isso, a gente está replicando e perpetuando, uma mesma lógica, a mesma estrutura. Só que agora para pessoas com deficiência.
Flávia
Por que será que, as pessoas não especialmente as pessoas sem deficiência não reagem e não se incomodam e não rompem com essa ideia de que o nosso lugar é separado? É um lugar exclusivo, a sala de aula especial, a vaga de trabalho marcada para pessoa com deficiência, que não encarrera? O que que falta? Porque a minha sensação é que a gente já fez tudo o que podia.
Michele
Eu acho, aí é um ponto de vista particular, que a gente não é reconhecido como pessoa. A gente não está, isso nas mínimas coisas, assim. E o caráter mesmo, humano da coisa de, por exemplo, você se indignar.
Michele
Por que as pessoas, quando se deparam com uma atitude racista, uma atitude homofóbica, elas muitas vezes reagem ali na hora ou se incomodam?
Michele
Eu acho que pessoas com deficiência ainda estão no lugar tão objetificado que as pessoas só são passíveis de sentir pena… ao invés de indignação.
Como que você vê uma pessoa que está tentando entrar num espaço e aí aquilo está cheio de escada e você simplesmente olha para o lado e fala, poxa, que pena! E aí você segue subindo.
Michele
A gente não precisa de pena. A gente precisa do mesmo grau que as pessoas têm de indignação, que eu acho que vem justamente de uma luta que hoje é reconhecida muito mais do que de pessoas com deficiência.
Até porque, por exemplo, essa interseccionalidade, o que eu vejo de pessoas que, por exemplo, tem um recorte dentro do núcleo LGBT, dentro do núcleo de pessoas pretas, onde elas não são reconhecidas dentro desses grupos, então isso já demonstra que essa estrutura, o que, nos coloca mais uma vez a parte.
Flávia
E uma hierarquia.
Michele
É! Porque o nosso valor ainda é objetificado. A gente não é pessoa, a gente é um grupo que está dentro de um selo, que inclusive o selo é só cadeira de rodas, e ponto, que as pessoas ainda estão discutindo e só rampa e corrimão. Imagina você estético de banheiro. Que é isso gente? Está pedindo muito, ainda quer um banheiro bonito, to fazendo!
Flávia
Moda inclusiva!
Michele
É muito surreal. Então é assim a moda, a moda inclusiva. Eu tenho, eu bato muito na tecla que a gente precisa ter a funcionalidade, mas a gente também precisa ter o ar estético ali e você criar ferramentas e soluções. Mas assim, qual estilo eu quero usar?
Michele
Eu até hoje não encontrei nenhum estilo que me atenda.
Flávia
Nossa, que bom te ouvir isso! Ai que bom, porque eu me sinto menos, menos incompetente.
Michele
Não! E assim, muita gente pode até se doer com o que eu vou falar, mas pra mim o estilo é óbvio que vai, vai me fazer comprar, porque moda é identidade, moda é uma linguagem que você quer se comunicar através dos símbolos que você escolhe. Como eu falei, eu sou movida a cores, eu sou movida a determinadas modelagens.
Michele
Obviamente eu gostaria que ela fosse muito mais funcional do que ela é, mas ali, no momento de decisão de compra, tem outros fatores que vão fazer eu comprá-la e óbvio que a gente ta falando, de um recorte onde eu consigo me vestir sozinha, a gente tem outros debates, não invalida de forma alguma a funcionalidade, mas a gente precisa elevar esse debate.
Michele
O ecossistema de moda inclusiva hoje é basicamente tratado como se fosse um remédio. Aonde você vai lá, eu vou colocar… botão magnético e velcro e está bom… não é assim, gente?
Arthur
Como é que fura essa camada estrutural? Essa estrutura capacitista?
Flávia
Eu acho que a Michele tem trabalhado tentando furar esse sistema. Como que acontece os trabalhos de desenvolvimento de uma curadoria, por exemplo?
Michele
A gente trabalha fazendo jornadas inclusivas, e aí a gente tem dois campos, a gente tem o campo da marca que vai procurar gente para sentar e estabelecer um diálogo de possibilidades, onde a gente tem liberdade para cocriar, o que é quase sempre muito raro.
E aí a gente tem um outro núcleo que já vem com algumas demandas do que é possível, porque aí a gente também está falando que empresa.
Michele
E existem muitas questões ali que são desafiadoras, até você conseguir implementar projetos. Então, assim não é algo fácil e nem prático e a gente sabe dos desafios que existem.
Por isso que eu comecei a me aprofundar em consumo e não só em moda, porque no final das contas, são pessoas que estão pagando por produtos, e a marca quer lucro no final das contas.
Michele
Então vamos colocar isso para a marca e explicar.
Olha, se você trabalhar para esse público e eu não estou falando para você construir um lugar especial, mas é a gente sentar na mesa de quem está desenhando soluções, pessoas com deficiência, porque assim as pessoas que estão desenhando as soluções, em sua maioria, não são pessoas com deficiência.
Então, o mínimo é que nós estejamos na mesma mesa, para a gente pensar junto caminhos.
Michele
Eu falo em vez de a gente ficar só exigindo a precisa Norma ABNT, precisa, mas nem todo mundo vai conseguir cumprir ou arcar com uma série de coisas que precisam ser colocadas e que, com toda razão, precisam. Mas assim, o como!
Flávia
Então a minha pergunta, como? Porque eu sou uma consumidora, eu entro numa loja para comprar.
Bom, começa que eu não compro em lugar que não tem acessibilidade já há muitos anos. Eu trabalho tanto, meu dinheiro vale muito pra mim, e eu me recuso a gastar dinheiro em lugar que não é acessível.
Mas tá, mesmo nas grandes lojas, que são as que oferecem mais acessibilidade, poxa, o mínimo é um provador, e um provador com espaço, com acessibilidade, um banheiro que você consiga usar espaço entre as araras.
Flávia
Eu acho que esse é o básico do básico, do básico, que proporciona ser possível a minha experiência como consumidora. E grande parte das vezes a gente não tem nem esse básico. E aí, já vou te devolver Michele, mas eu fiquei tão impactada, a gente teve um papo agora antes de gravar valendo, teve um papo no bastidor e você falou sobre a construção de estilo…
Flávia
E eu fiquei pensando muito sobre isso, porque, eu costumo dizer que eu tenho um estilo super básico, eu incorporei isso e eu sou mesmo muito básica.
Mas depois desse ouvir, eu fiquei pensando que será que se eu não fosse cadeirante eu seria tão básica?
Porque eu te vejo assim, primeiro essa calça jeans eu ia demorar uma hora ou mais para vestir, acho linda a modelagem da blusa que tem essa manga, essa manga drapeada, mas aí me dar tanto trabalho.
Flávia
Então eu fico pensando que nunca tinha parado para pensar na verdade, o quanto ser tetraplégica impactou… nesse estilo básico.
Arthur
Básico e funcional.
Flávia
Que é um básico funcional, e eu acabei indo mais pela praticidade, do que o que eu de fato, estou aqui fazendo uma sessão de terapia com você. O que de fato talvez eu gostaria, eu gostaria mesmo.
Michele
Mas isso faz muito sentido. O que você está falando.
Eu lembro quando a gente fazia o Fashion da Inclusive, que era um projeto que eu idealizei, onde eu levava estudantes de moda profissionais para o centro de reabilitação, pra gente fazer uma construção de um dia focado em moda.
E a maior parte das pessoas só usavam legging, né, que é aquela calça de ginástica, justamente, porque o que elas pensavam além da funcionalidade, tem a questão de eu precisar de ajuda…
Michele
E muitas vezes as pessoas que querem me ajudar, não terem a paciência, eu até falei num post, a diferença que a moda nos dá, explicando a diferença de autonomia e de independência, porque uma pessoa que não consegue colocar sua calça sozinha, não quer dizer que ela não tem autonomia para escolher.
E isso é muito pouco explorado no dia a dia, porque se coloca o que, é o corpo com deficiência, já tem que pensar em tanta coisa até vestir, entrar no carro, pensar no trajeto onde vai estacionar.
Flávia
Ainda quer por uma blusa bonita?
Michele
Exato.
Flávia
Ainda quer vestir uma calça que demora!
Arthur
Ainda, aquela decoração que quer no banheiro bonitinho, e tal!
Michele
Isso vai matando uma parte muito importante da nossa essência. Só que eu precisei Flávia, construir isso pra mim, que é o que a gente faz o tempo todo, fala a gente é tradutor da realidade o tempo todo, porque não tem nada para a gente. É como se a gente tivesse que traduzir o mundo o tempo todo. O que eu vejo na moda, o que eu vejo nos serviços de viagem, eu tenho que imaginar se eu vou conseguir usar ou não.
Então, assim…
Michele
A moda, ela é vinculada a essa autoestima, esse pertencimento. A gente não tem isso em nenhum lugar. Então eu tive que me por literalmente na frente do espelho e começar a fazer pose, para saber, por exemplo, quando eu ia postar no Instagram, que pose que eu faço? Não vejo ninguém, né, ninguém na cadeira de rodas fazendo isso. Estilo!
Michele
Como que eu olho para o meu corpo? E eu faço uma construção, por exemplo, da minha estratégia de moda, pensando que esse volume que você vê aqui em cima no meu ombro é justamente pra equivaler ao tamanho que eu tenho na roda em baixo. Por quê?
Por que o que chega primeiro? E sempre a cadeira de rodas. E isso é uma história antiga, você já deve ter ouvido, mas talvez as pessoas que estejam nos ouvindo agora não, não conheçam, mas eu, uma das grandes experiências que eu tive com a moda foi um dia no elevador.
Michele
Que eu falo que é o lugar mais constrangedor para a pessoa na cadeira de rodas que você fica ali no meio. Aí você entra, vão ter uma série de olhares e aí as pessoas começam a está carinha e começa aquela aquela carinha de tristeza, né?
Michele
Aí eu tinha acabado de fazer o curso de consultoria, e aí eu estava toda animada, tinha demorado horrores. Aí meu marido, “vamos Michele!”, eu falei Não, hoje eu vou botar tudo em prática, tudo o que eu aprendi, e entrei no elevador na hora que eu entrei no elevador, começou essas caras de tristeza, aí pronto, começou.
Michele
Tá bom! E tinha uma senhora na minha frente. E aí a hora que abriu o elevador eu dei ré com a cadeira, sai, e aí ela virou e falou assim “Nossa, eu adorei a forma como você construiu as cores da sua roupa”. E a hora que eu saí, eu fiquei… eu só falei pro Tiago, eu falei assim, Tiago e meu marido gente, “Puta cara, é isso, eu cheguei antes, eu cheguei antes da deficiência. Ela estava olhando para Michele, porque tudo o que eu escolhi na minha roupa diz quem eu sou, e a gente precisa disso.
Flávia
Você sabe que eu senti, essa sensação que você teve na saída do elevador, na primeira vez que as pessoas, que uma pessoa se aproximou de mim, para confirmar que era eu mesma. Porque ela reconheceu a minha voz.
Michele
Caracas!
Flávia
Cara, para mim, aquilo, assim, me arrepia até hoje de lembrar por que eu posso ser jornalista e nas reportagens eu a minha voz fica presente, mais tempo, do que a minha imagem mesmo, só que a minha imagem de uma mulher cadeirante é uma imagem que marca que as pessoas não esquecem.
Flávia
E ela ficou na dúvida, mas ela falou “quando eu escutei a sua voz, eu soube que era você”, e eu achei demais. Porque é isso, a gente é mais do que a cadeira, do que a deficiência. A gente sabe disso. Só que é tão raro a gente se perceber que as pessoas não nos veem dessa maneira, né?
Michele
Isso é um sinal de que a pessoa estava te ouvindo. Que é outra coisa muito importante, pra a gente ser ouvido você imagina você é um baita de um reconhecimento.
Val
Michele, ainda falando de moda, que eu estou amando esse papo, a gente falou sobre as empresas, as lojas, como é o curso de moda? O curso de moda também é inclusivo?
Porque eu fico pensando, ok, eu não conheço o curso, tá, mas fico pensando deve ter lá uma disciplina onde fala sobre moda inclusiva, mas o curso em si, ele é inclusivo para uma pessoa cadeirante? Ele tem acesso?
Michele
Olha, eu vou falar dentro da minha experiência, tanto quanto, quando eu fiz. E hoje o que eu observo no mercado.
Quando eu fiz faculdade, imagina, em 2001, 2002! Imagina, não é nem croqui, que é o desenho de moda, a gente aprendia para um corpo com deficiência, a gente aprendia o croqui magro, alto, padrão eurocêntrico, o que é uma ironia, porque eu venho desse padrão.
Michele
Então imagina da noite pro dia eu fui parar no corpo mais impensável, mas rejeitado pela moda, que é não saber nem desenhar, literalmente. Então parte pra hoje. O que a gente tem são iniciativas, inclusive a secretaria, tem o curso de moda inclusiva, a gente tem algumas.
Flávia
Está falando da Secretaria de Estado…
Michele
Da Pessoa com Deficiência, de São Paulo, é isso. E hoje eu acho que eles não têm mais esse projeto. Enfim, está parado, mas tinha esse projeto, era um projeto muito importante, que levantou muitos debates, tinham desfiles, então era um projeto muito bacana. E hoje você tem algumas faculdades que tem na grade e que eu acho já um grande avanço.
Michele
Mas aí eu fico muito incomodada, por que quantas pessoas com deficiência são professores? Dentro dessas universidades. E quando eu fui fazer pós-graduação, me incomodava muito, porque tudo que eu aprendia, não tinha nada para o meu corpo. Tanto que o meu corpo é real. Ele nasceu da minha experiência na pós-graduação! Porque todo mundo queria me perguntar, e eu, como eu sou pouco falante, gente, geminiana, eu falava, cara, vamos nessa que o que vocês têm de dúvida? Por que eu virei aquele corpo? Você usa calça?
Michele
Nossa, você vem sempre arrumada, como que você faz? E foi aí que eu idealizei o “Fashion Day Inclusivo”, porque eu vi a necessidade de juntar as pontas. Essas pessoas precisam ter acesso a esse convívio e eu não falo para todo mundo, eu sou um recorte muito pequeno. Então vão para os hospitais de habilitação.
Michele
A gente fez também no Dorina, no Rio, o que a gente fez com pessoas cegas, e todo esse processo de educação eu acredito que é feito, está em construção.
Flávia
Você falou, uma palavra-chave que eu acho que você nunca pode abrir mão, que é a convivência.
Michele
Sem dúvida!
Flávia
E a convivência que normaliza, né, e o dia a dia que tira toda essa aura de mistério, de piedade, e dá oportunidade para a pessoa aparecer.
Michele
E eu acho que o lance é, quando você convive você tem coragem de perguntar. E as pessoas não têm coragem de perguntar nada, elas ficam sempre com medo.
Quando você convive, você atravessa aquele lugar de medo para começar a perguntar naturalmente, como que você faz pra ir na minha casa? Que é que é o que eu falo quando uma pessoa vira e fala, não te convidei porque não tinha banheiro, eu falo, pergunta para mim! Eu vou decidir se eu vou ou não.
Michele
Eu tenho autonomia para isso, mas o convívio pra mim é a palavra-chave, Flávia.
Flávia
A convivência, né?
Arthur
E acho que vocês trazem muito essa questão da representatividade também, né? O quanto são crianças se olhando no espelho também, podendo se ver de outra forma, brincar com uma roupa é poder, porque isso faz parte do repertório da educação infantil, por exemplo.
Flávia
E eu coleciono histórias com maior orgulho de meninas que, depois de conhecerem meu trabalho na televisão, hoje sonham em ser jornalista e tem uma mensagem assim né? Esse lugar pode ser meu, tem lugar pra mim.
Arthur
Exatamente, o que vocês fazem…
Flávia
Porque nós somos, fomos meninas que cresceram sem nenhuma referência. Se hoje nós temos pouquíssimas referências, antes a gente não tinha nenhuma, a gente tinha aquele padrão que era inalcançável não só para as meninas com deficiência, mas para a maior parte das mulheres. Mas a gente cresceu sem acreditar que aquele lugar era possível para a gente.
Arthur
Isso mexe com meninas e mexe com os professores também, né?
Flávia
Eu acho que com a sociedade como um todo.
Arthur
A sociedade como um todo!
Flávia
Essa invisibilidade, que intimida até a construção do desejo. E é o desejo que move a gente…
A ir atrás de realizar os sonhos, de querer ser uma versão diferente.
Então acho que assim, a gente falou sobre o que roupa eu vou, como que eu chego lá? Quando eu chego, por onde que eu entro? E quando eu vou consumir, o que que tem para mim?
Michele
E não o que sobrou para mim, que é uma coisa que o mercado ainda não entendeu. A gente não quer o que sobrou, o que cabe. A gente quer ter poder de escolha! Que é algo que a maioria das pessoas tem, e a gente nunca tem. Ou é isso ou é nada. E quando tem. E isso, sem padrão estético e sem qualidade, é o que tem, quer não quer.
Michele
A gente paga um valor integral, né?
Flávia
Como assim? A gente paga um valor integral? No nosso caso, a gente trouxe o Pedro, para uma ação aqui no Instituto Paradigma. Como assim não tem acessibilidade? Ele falou vamos resolver isso, a gente leva todo equipamento pra lá, mas nem sempre isso é possível. E nem sempre essa é a situação ideal, porque a gente quer estar no meio das pessoas.
Arthur
Sim, esse é o desejo.
Flávia
A gente quer estar dividindo… ali opiniões e experimentando e observando o que as pessoas experimentam, e o que é bonito.
Michele
Sim, a gente que está na mesma mesa, a gente não quer estar na vaga especial, né Flávia?
Flávia
Na mesma mesa, porque tem aquelas mesas com demarcação também, que são muito feias… “Nossa!”
Michele
Pelo amor de Deus! Nossa! Então eu falo tem mais alguma bandeira pra eu carregar aqui? É como se você chegasse literalmente com um selo nas costas, e aí imagina isso nas relações, é por isso que as pessoas também ficam “absurdadas” quando você tem, por exemplo, num caso, as pessoas elogiam meu marido que não tem uma deficiência e está com uma pessoa com deficiência, porque é assim, é como se fosse…
Michele
Vou falar uma coisa bem chula, mas não é como se a gente fosse o que? Raça de cachorro então? A gente tem que estar igual? Então, a Xitso com Xitso, né? E isso é tão absurdo.
Flávia
As pessoas perguntam, seu marido também tem deficiência?
Michele
Só que só pode conviver se for igual, né? É muito surreal gente.
Flávia
Eu passei a vida inteira responder essa pergunta e aí quando eu te respondo que não, nossa, ele vira um santo assim. Que cara legal, mas que generosidade! Mas gente, vocês não sabem o que eu aguento?
Michele
A mesma coisa que eu falo! Aquele amor, quando ele está mal-humorado… sou eu que aturo!
Flávia
E, é isso!
Val
Ai, posso fazer mais uma perguntinha para aproveitar a Michele aqui gente. Michele, fiquei sabendo que você tem um blog de viagens, que você já viajou assim horrores, como assim? Fala isso pra gente?
Michele
Esse blog ele está parado há algum tempo, mas ele foi um blog que teve um marco muito importante na minha vida.
Flávia
Super inovador.
Michele
E eu sou mais ou menos aquela pessoa assim, você falou que não dá, que como assim não tem? Então pera aí que eu vou tentar ver como tem. E é isso que eu tinha um desejo de fazer intercâmbio, louco, e eu não achava nada, nada assim, nenhuma informação para falar que nada, eu achei uma menina que tinha ido pro Canadá, mas eu não conseguia nada sobre ela. Eu mandei para o canal do YouTube que estava contando a história dela se alguém podia me botar em contato com ela, enfim.
Michele
Tinham alguns blogs de viagem, mas nenhum falando de intercâmbio. E aí eu fui lá e falei quer saber? Vou fazer. E fiz uma parceria com uma agência de intercâmbio e falei vamos explorar essa história, porque eu tenho certeza de que não só eu, como muita gente quer poder viajar aqui e poder aprender outras coisas. E foi…
Michele
Um marco gigante na minha vida, porque eu descobri que o problema não era, porque aí eu fui para um lugar que tinha acessibilidade. E mais uma vez, estou falando de um recorte de privilégio, mas aquilo abriu um horizonte, porque durante muito tempo eu achava que o problema era minha cadeira de rodas. A partir do momento em que eu me botei no mundo, e que eu vi que eu podia ficar sozinha, ir para os lugares e ter poder de decisão…
Michele
Aquilo se expandiu na minha cabeça, e tanto que eu tentei, mantive mais alguns anos o blog, e aí eu fui me encaminhando depois pra moda e hoje para consumo. Mas muita gente foi impactada por esse blog, porque era um pertencimento num lugar que ninguém imaginava. E era assim, como que você faz pra entrar no avião? Como o que você leva? Esses dias eu fiz no meu Instagram um post falando da sonda de demora, porque além de tudo, a gente tem a falta de informação, dentro do nosso núcleo mesmo.
Michele
Quais as opções que eu tenho? Então tudo que eu vou descobrindo, eu vou compartilhando. Porque eu sei que aquilo vai ajudar muita gente. Quanto mais pessoas ocuparem espaços, mais a gente movimenta economia e mais a gente comprova que a gente existe. E que a gente tem direitos a serem respeitados.
Michele
Por isso que no conceito de ocupar espaços, se eu tenho muito desejo de ir, eu vou, e eu vou para incomodar! Porque é ocupando espaço, que aquele cara lá vai falar, essa chata aqui de novo. Vou! Enquanto você não fizer acessibilidade, eu vou continuar vindo e você vai ter que continuar fazendo tudo que você tem que fazer pra me colocar aí dentro, porque eu não vou deixar mais fácil para ele.
Flávia
E você não está pedindo nada de graça, né?
Michele
“Exato” …
Flávia
Michele, essa representatividade, esse brilho, essa beleza, essa luz que você traz pra tantas pessoas que você inspira, nos inspira aqui no Instituto Paradigma também, queria te agradecer demais pelo seu trabalho. Agradecer muito o seu tempo, por estar aqui nessa horinha aqui com a gente, e dizer que a gente te admira, a gente torce, a gente te aplaude e a gente que está muito perto de você sempre. Muito obrigada.
Michele
Ah, obrigada a vocês! Foi uma honra imensa. Eu já admiro você há muito tempo e eu estou muito honrada de te conhecer pessoalmente, de receber esse convite, de estar aqui no Instituto.
Flávia
Linda! Vocês não têm noção de quanto essa mulher é linda!
Michele
Ai meu Deus!
Val
Verdade.
Flávia
Obrigada! E a gente se vê em uma próxima!
Michele
Sim, e espero que sem demoras!
Flávia – Calazans – Val
Beijos, beijos pessoal! Tchau, tchau! Tchau! Até mais!
Vinheta
Val Paviatti
“Pessoas Incluindo Pessoas”
Vinheta
Val Paviatti
Ficha técnica:
“Pessoas Incluindo Pessoas”
Esse episódio contou com a participação de Flávia Cintra,
Val Paviatti e Arthur Calasans.
Participação especial de Michele Simões
Gravação: Pedro Henning
Transcrição: Celso Vital e Silva
Produção e Edição: Uirá Vital
Realização: “Instituto Paradigma” e “Olho Preto Produções”
Val Paviatti
Você encontra a transcrição desse programa em nossa página
www.iparadigma.org.br
O texto pode ser traduzido para Língua Brasileira de Sinais utilizando a ferramenta “Hand Talk”, disponível em nosso site.
Vinheta
Você pode seguir nosso perfil do Podcast Pessoas Incluindo Pessoas diretamente nas plataformas