Foto de um dos corredores da Biblioteca Louis Braille, com um retrato de Louis Braille pendurado em uma parede vermelha

Por dentro da Biblioteca Louis Braille

Créditos: Divulgação

Por Elsa Villon

Quem busca títulos em braile e audiolivros já tem um ponto certo para conhecer: a Biblioteca Louis Braille, localizada dentro do Centro Cultural São Paulo (CCSP), ao lado do metrô Vergueiro, na capital paulista. 

Fundada em 29 de abril de 1947, ela surgiu dentro da Biblioteca Infantojuvenil Municipal Monteiro Lobato, por iniciativa da então estagiária Dorina de Gouvêa Nowill e da bibliotecária Lenyra de Camargo Franccarolli.  

Segundo Michelle Silva Galvão, bibliotecária coordenadora da Biblioteca Louis Braille, ou BLB, como é carinhosamente chamada, a iniciativa foi uma atitude pioneira na atenção especial à criança cega. 

Em 1986, a biblioteca foi transferida para o CCSP, melhorando a oferta de acessibilidade aos visitantes. E o nome, na verdade, só foi oficializado em 2008, em uma ação que antecedeu o bicentenário do criador do sistema de leitura e escrita, celebrado em 2009. 

Como funciona a Biblioteca Louis Braille

Atualmente, o acervo em braile possui cerca de 1.700 obras disponíveis para consulta, além de 1.960 audiolivros. Para empréstimos, é necessário estar registrado no Sistema Municipal de Bibliotecas, que pode ser acessado on-line, pois grande parte do acervo é informatizado.  

Além da forma presencial, é possível pegar livros emprestados por meio do cecograma, um serviço gratuito dos Correios para envio de material para pessoas com deficiência visual, tanto nacional quanto internacionalmente: “Temos usuários de Portugal e Angola”, destaca Michelle. 

Em relação à frequência do público, a bibliotecária informa que há mais de 1.000 inscritos e que, antes da pandemia, os visitantes diários chegavam a 20 por dia. Pensando em como ampliar o atendimento, a biblioteca também estendeu o seu atendimento via WhatsApp. 

Já sobre o conteúdo, o acervo é diverso: desde materiais de referência a livros didáticos, ficção, literatura brasileira, estrangeira e infantojuvenil, além de periódicos nacionais e estrangeiros, tanto versão braile quanto áudio. Quando questionada sobre quais são as obras mais procuradas, Michelle é sucinta: todas as obras da escritora norte-americana Danielle Steel e a trilogia “O Tempo e o Vento”, do brasileiro Érico Veríssimo. 

Para além do acervo

De acordo com a bibliotecária, por ser um local que acumula experiências relativas à deficiência visual, o espaço é constantemente procurado por estudantes, pesquisadores e profissionais de diversas áreas. “Em tempos pós-pandêmicos, a biblioteca será ainda de maior significado para a socialização daqueles que tanto encontram barreiras estruturais e atitudinais na sociedade, como um local onde possa haver trocas, partilhas e aprendizados”, afirma. 

Todo o acervo da Biblioteca Louis Braille é adquirido por meio de parcerias importantes com a Fundação Dorina Nowill para Cegos, com o Instituto Benjamin Constant e a Sociedade Amigos da Biblioteca Louis Braille, e conta com mais de 42 voluntários que auxiliam na produção de livros em braile e audiolivros. 

A BLB também dispõe de cabine de gravação de audiolivros e alguns equipamentos de tecnologia assistiva, como impressoras braile, lupas eletrônicas, computadores com softwares acessíveis e scanners acessíveis para leitura imediata de materiais impressos. 

Além dos empréstimos, também ocorrem eventos dentro do espaço. Uma vez por mês é realizado o “Passeio no Escuro”. De acordo com Michelle, as pessoas se inscrevem por meio do site do CCSP e, com os olhos vendados e com uma bengala, seguem em fila indiana indicados por uma funcionária cega por todo o espaço do centro cultural e calçada do Metrô Vergueiro.