Conheça cientistas mulheres com deficiência 

Foto em plano fechado de uma mulher de cabelos escuros, óculos de proteção e máscara olhando através de um microscópio
Fonte: Pexels. Créditos: Edward Jenner

Fonte: Pexels. Créditos: Edward Jenner

 

Por Elsa Villon

 

Comemorado em 11 de fevereiro, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A data foi criada em 2015 com o objetivo de disseminar o compromisso global com a igualdade de direitos entre mulheres e homens, com ênfase na educação. 

 

Historicamente, as mulheres sempre estiveram à margem em oportunidades de estudo e trabalho, principalmente na área das ciências e da tecnologia. Berço de muitas descobertas na área, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, não emitia diplomas para mulheres até 1948, por exemplo. 

 

Segundo dados da UNESCO, apenas 30% de cientistas são mulheres, e na engenharia e na matemática, 35%. Não há dados registrados sobre a população feminina com deficiência na ciência e tecnologia e, de maneira geral, menos de 1% das pessoas com deficiência ocupam o mercado de trabalho, conforme dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS). 

 

Para destacar mulheres com deficiência que conquistaram espaço em áreas predominantemente masculinas, listamos alguns nomes importantes, de descobertas às lutas pela inclusão. Confira abaixo: 

 

Annie Jump Cannon 

Tendo perdido a audição entre a adolescência e a fase adulta, ao que muitos atribuem a escarlatina, a astrônoma estadunidense era graduada em física e astronomia. Em 1896, ela se tornou membro do “Mulheres de Pickering”, em Harvard, nos Estados Unidos, um grupo feminino contratado pelo diretor do observatório, Edward Charles Pickering, para computar dados astronômicos, mapeando e definindo estrelas no céu a partir de sua magnitude fotográfica. 

 

Em 1901, publicou o seu primeiro catálogo de espectro solar e liderou uma equipe responsável por criar um método para catalogação estelar. Ao lado de Pickering, desenvolveu o Esquema de Classificação de Harvard, a primeira tentativa de classificar estrelas em suas temperaturas e tipos espectrais.  

 

Vinte anos depois, ganhou o título honorário de doutora pela Universidade de Groningen, na Holanda. Sua atuação na ciência abriu muitas portas para outras mulheres na comunidade científica,  rendendo-lhe inúmeras honrarias ao longo de seus 40 anos de atuação. Além da ciência, também era sufragista e membro do Partido Nacional da Mulher. 

 

Maria da Penha 

Formada em farmacêutica bioquímica pela Universidade Federal do Ceará, Maria da Penha é mestre em Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. 

 

Ela se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica sofrida por mulheres após ficar paraplégica por agressões do seu ex-marido. É ativista, autora do livro “Sobrevivi… posso contar”, lançado em 1994, e fundadora do Instituto Maria da Penha. Atua pela justiça social de vítimas de violência doméstica em todo o país com a lei que leva o seu nome. 

 

Robyn Silber 

Robyn é uma jovem cientista da computação dos Estados Unidos, formada em matemática e mestre em ciências da computação pela George Washigton University, nos Estados Unidos. Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ela optou pelo curso por amar cálculo, mas enfrentou muitas barreiras atitudinais por parte de colegas e professores durante o primeiro ano, chegando a abandonar os estudos. 

 

Ao retomar, teve aulas de ciência da computação e descobriu sua paixão pela programação. Encorajada por seu professor, ela terminou o curso de matemática e iniciou o mestrado em ciências da computação pela mesma universidade, que tem um programa de Serviços de Apoio à Deficiência nacionalmente reconhecido. 

 

Atualmente, trabalha como engenheira de software para o Google New York, é especialista em Android e Java e tem mais de 28 mil seguidores no seu perfil no Instagram. 

 

Vanessa Romanelli 

Pós-doutora em genética pela Universidade de São Paulo, Vanessa é assessora científica no Instituto Jô Clemente e uma das responsáveis pelos estudos no teste do pezinho, exame de triagem neonatal que identifica, dentre outras doenças, a Atrofia Muscular Espinhal (AME) em bebês recém-nascidos e fala sobre o assunto em seu perfil no Instagram

 

Vanessa utiliza cadeira de rodas em decorrência da AME, descoberta ainda na infância, e é atriz pela Cia. Dos Menestréis.