Foto dos modelos de medalhas paralímpicas de Tóquio 2020. Fonte: Divulgação. Créditos: Comitê Organizador de Tòquio 2020
Por Elsa Villon e William Truppel
Os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, adiados em decorrência da pandemia de covid-19, acontecem de 24 de agosto a 5 de setembro de 2021. Serão cerca de 4.400 atletas, disputando 539 medalhas em 22 modalidades esportivas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo (pista e estrada), esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, golbol, halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton, parataekwondo, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e voleibol sentado.
O Brasil participa de 20 modalidades, ficando de fora apenas no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas. A delegação brasileira é composta por 422 pessoas, entre comissão técnica, médica e administrativa, além dos atletas com e sem deficiência, que representam 253 integrantes, 86 deles estreantes. Os atletas sem deficiência são os guias, “calheiros”, goleiros ou timoneiro, que auxiliam os competidores com deficiência durante as competições.
Nesta edição, as mulheres com deficiência representam 40% da equipe nacional de atletas, 2% a mais que a meta estabelecida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O total de brasileiros classificados para a competição também é o maior desde os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, quando o país sediou o evento e pôde contar com competidores em todas as modalidades.
Outra meta do CPB é que o Brasil continue entre as dez maiores potências paralímpicas, resultado que alcançou nas três últimas edições dos Jogos Paralímpicos: em Pequim 2008 (9º lugar), Londres 2012 (7ª posição) e Rio 2016 (8ª colocação). Assim como nos Jogos Olímpicos, o primeiro critério estabelecido para se determinar a classificação geral dos países ao final da competição é o número de medalhas de ouro conquistadas, e não o total de medalhas. As Paralimpíadas de Tóquio 2020 também reservam a possibilidade da conquista da centésima medalha dourada paralímpica brasileira. Atualmente, são 87.
Possíveis chances de medalhas
O Brasil é uma potência em muitas modalidades por equipe, como no futebol de cinco e no golbol. Mas não fica atrás quando a categoria é individual. Para dar visibilidade a esses atletas, fizemos uma seleção das possíveis chances de medalha para o país em alguns dos esportes que farão parte dos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020. Confira cada uma delas:
Atletismo
É a modalidade que mais trouxe medalhas para o país: 142 das 301 conquistadas ao longo das edições dos jogos. Existem as competições de corrida, saltos, lançamentos e arremessos, além da maratona.
As provas no atletismo paralímpico são disputadas por atletas com deficiência física, visual e intelectual e, em algumas categorias, os competidores com deficiência visual contam com o apoio de atletas-guia para auxiliá-los nas competições.
Petrúcio Ferreira é favorito a uma medalha e disputará a competição pela segunda vez. Em 2016, conquistou a medalha de ouro nos 100 metros rasos, além da prata na prova de 400 metros rasos e na disputa de revezamento 4 x 100 metros rasos.
Bocha
O Brasil é um dos países favoritos no esporte, com direito a medalhas nas últimas três edições das Paralimpíadas, incluindo o ouro. Em Tóquio, o país será representado em todas as competições, tanto nas individuais quanto nas duplas, assim como por equipes. Alguns dos atletas candidatos a medalha pelo Brasil são: Eliseu dos Santos, Evani Calado, Maciel Santos e Marcelo dos Santos.
Eliseu dos Santos participou das três últimas edições dos Jogos e ganhou cinco medalhas: dois ouros, uma prata e um bronze. As conquistas vieram nas disputas individuais e nas duplas.
Evani Calado estreou nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, onde ganhou a medalha de ouro nas duplas. A brasileira venceu, ainda, outras competições importantes jogando em pares, como o Open Mundial de 2018 e a Copa América de 2017 e de 2019, quando também ficou com a medalha de prata na disputa individual.
Maciel Santos é o mais experiente jogador de bocha da delegação brasileira paralímpica. O atleta de 35 anos de idade começou o jogo aos 11 e, aos 14, passou a representar o país em competições internacionais. No Japão, o atleta irá em busca de sua segunda medalha em Paralimpíadas. A primeira foi em Londres 2012, quando ganhou o ouro na disputa individual.
Marcelo dos Santos tem 48 anos de idade e começou a jogar bocha por influência do irmão, Eliseu dos Santos. Ao lado do irmão e de Dirceu Pinto, conquistou a medalha de prata na Paralímpiadas Rio 2016. Nos Jogos Parapan-Americanos de 2019, ganhou outra prata, jogando com o irmão e Ercileide da Silva, que também estará competindo em Tóquio.
Ciclismo (pista e estrada)
A modalidade, dividida entre pista e estrada, é disputada por atletas com paralisia cerebral, pessoas com deficiência visual, amputados e pessoas que usam cadeira de rodas. O ciclismo praticado por pessoas com deficiência apresenta algumas diferenças para adequar-se ao programa paralímpico.
Os atletas competem em quatro diferentes tipos de bicicleta, de acordo com a categoria: convencional, triciclo, tandem (com dois bancos e dois pedais, usados por atletas com deficiência visual e seus guias) e handbike (bicicleta pedalada com as mãos).
Lauro Chaman é o atual campeão mundial na categoria estrada e um dos nomes que pode trazer medalhas para o Brasil. O atleta conquistou o bronze na prova de estrada contrarrelógio e a prata na de estrada nas Paralimpíadas Rio 2016.
Representando as mulheres, estão Ana Raquel Lins, e Jady Malavazzi. Ana disputa sua segunda edição dos Jogos, mas a primeira como ciclista. Em 2016, a atleta competia pelo triatlo, que passou por alterações que a tiraram da modalidade. Já Jady Malavazzi compete na categoria estrada e também disputa sua segunda Paralimpíada.
Esgrima em cadeira de rodas
A esgrima em cadeira de rodas surgiu em 1953, graças ao alemão Ludwig Guttmann, considerado o pai do movimento paralímpico. Uma das mais tradicionais modalidades, é disputada desde a primeira edição dos Jogos, sediados em Roma, no ano de 1960. A esgrima adaptada é dividida em três categorias: florete, espada e sabre.
Em Tóquio, Jovane Guissone é um dos esgrimistas brasileiros favoritos à medalha na categoria espada. Nas Paralimpíadas de Londres 2012, o atleta conquistou o ouro inédito para o país
Judô
A modalidade, disputada exclusivamente por atletas com deficiência visual, conta com oito atletas convocados.
Um dos destaques é Alana Maldonado, medalhista de prata nas Paralimpíadas Rio 2016 na categoria de até 70 kg e campeã mundial em 2018, aos 23 anos. Três anos depois, a atleta espera conseguir o ouro inédito no judô paralímpico feminino.
Já o atleta Antônio Tenório é um veterano do tatame e considerado o maior judoca paralímpico brasileiro. É tetracampeão paralímpico na categoria de até 100 kg, tendo conquistado o ouro em Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008. Em Londres 2012, conquistou o bronze e, no Rio 2016, a prata. Antônio contraiu a covid-19 em março deste ano, mas segue com chance de medalha aos 50 anos de idade.
Natação
A natação paralímpica do Brasil é outra potência, tendo conquistado, ao todo, 102 medalhas na modalidade, sendo 32 de ouro, 34 de prata e 36 de bronze. Ela pode ser praticada por atletas com deficiência física, visual e intelectual e é dividida em categorias. Em Tóquio, 34 atletas vão disputar a modalidade em diferentes categorias.
Daniel Dias é o principal nome da natação brasileira paralímpica e, novamente, estará na disputa por medalhas. O atleta tem 24 medalhas conquistadas ao longo das participações nos Jogos Paralímpicos. Em Pequim 2008, foram nove, sendo quatro de ouro, quatro de prata e uma de bronze; seis em Londres 2012, todas de ouro; e nove no Rio 2016, com quatro ouros, três pratas e dois bronzes. Esses resultados o consagraram como o homem da natação com o maior número de conquistas em Paralimpíadas.
A nadadora Maria Carolina Gomes Santiago é outra candidata à medalha. Ela garantiu vaga no Japão após ter conquistado o ouro no Mundial de Natação de Londres. É a primeira vez que disputa uma Paralimpíada, mas já foi quatro vezes campeã-Parapan-Americana e bicampeã mundial nos 100 e 200 metros nado livre.
Parabadminton
É a primeira vez que o esporte fará parte do evento e participam desta modalidade pessoas com deficiência física.
Nestes Jogos Paralímpicos, o Brasil é representado por Vitor Gonçalves Tavares, que tem chance de medalha. Em 2019, o atleta conquistou a medalha de ouro no Parapan- Americano. E no mundial da modalidade, realizado no mesmo ano, foram três bronzes.
Parataekwondo
Outra modalidade estreante em Tóquio é o Parataekwondo. Débora Menezes é destaque, já que conquistou o ouro no Campeonato Mundial, em 2019, e está em segundo no ranking mundial.
Tênis de mesa
O tênis de mesa também estreou nos primeiros Jogos Paralímpicos de Roma, em 1960, e os atletas competiam sentados em cadeira de rodas. Somente em Toronto 1976 começaram as disputas em pé, mesmo ano em que o Brasil participou da modalidade pela primeira vez.
Participam do tênis de mesa atletas com paralisia cerebral, amputados e pessoas em cadeira de rodas. As competições são divididas entre aqueles que não precisam do auxílio da cadeira de rodas e os que necessitam dela para se locomover. Os mesatenistas podem competir individualmente, em duplas ou por equipes.
Para a conquistar a inédita medalha de ouro, o Brasil conta com 14 mesatenistas. A melhor campanha do Brasil no tênis de mesa em Jogos Paralímpicos aconteceu na edição do Rio 2016, quando Israel Stroh ficou com a medalha de prata e Bruna Alexandre com o bronze. As conquistas foram alcançadas nas disputas individuais. O Brasil ainda levou dois bronzes nas competições por equipes.
Para saber mais informações e notícias, além da lista completa de atletas convocados para os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, acesse o site do Comitê Paralímpico Brasileiro.