Por Elsa Villon
Foto: Divulgação. Créditos: Arthur Calasans
A inclusão de pessoas com deficiência e a luta por uma educação mais inclusiva são alvo da atuação do Instituto Paradigma desde o seu início, em 2003. E agora, todo o conhecimento desses anos é encontrado na publicação “Inclusão Educacional, Econômica e Social das Pessoas com Deficiência – Contribuições do Instituto Paradigma”, escrito por Luiza Russo e Luiza Percevallis Pereira.
O livro, editado pela Palavra Bordada, foi lançado ontem, 25/11, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo, com a presença das autoras. No dia 1/12, às 15h, ocorre o bate-papo virtual sobre o livro, com a mediação de Rodrigo Hübner Mendes, superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, no canal do YouTube do Instituto Rodrigo Mendes e no Facebook do Instituto Paradigma.
A obra é resultado do trabalho técnico realizado pelo Instituto Paradigma (IP), que atuou na assessoria às redes públicas de ensino, além de reunir a abordagem científica a acadêmica mais recentes sobre o universo das pessoas com deficiência.
“Nossa intenção foi trazer ao público envolvido com o processo de inclusão das pessoas com deficiência um material que proporcionasse uma visão mais ampla, nas diferentes dimensões sociais em que ele possa ocorrer, compondo um esforço coletivo para a realização do processo de inclusão social dessa população”, afirma Luiza Russo, presidente do Instituto Paradigma.
Contribuições do Instituto Paradigma
O papel do Instituto Paradigma para o livro deriva da atuação Associação Brasileira de Apoio Educacional ao Deficiente (ABAED), fundada em 1991 pela então professora Luiza Russo. A organização trabalhava na formação de professores numa perspectiva didático-pedagógica inclusiva.
“Esse trabalho teve impacto no contexto educacional mais ampliado, atraindo pessoas e organizações interessadas nessa visão da educação especial/ inclusiva e também familiares de pessoas com deficiência que buscavam uma formação educacional mais adequada para o desenvolvimento das potencialidades que seus filhos apresentavam”, pontua Luiza Percevallis Pereira.
Em 2003, esse tipo de atendimento passou a ser realizado por instituições parceiras, devido à alta demanda, e foi fundado o Instituto Paradigma, com o foco na assessoria técnica e a missão de potencializar a efetiva inclusão da população com deficiência, promovendo maior impacto social.
No ano seguinte, surgiram novas parcerias com municípios para a implantação de políticas locais para a inclusão escolar, a qualificação de serviços voltados para essa população, assim como o apoio técnico para a busca de soluções urbanísticas que lhes garantissem acessibilidade e mobilidade.
Paralelamente, foram desenvolvidas ações junto às empresas privadas que estimularam a conscientização sobre o processo de inclusão das pessoas com deficiência no trabalho, fazendo com que os espaços corporativos buscassem se organizar para o cumprimento da legislação vigente. Assim, se organizaram dois programas de atuação do IP: Inclusão Educacional e Inclusão Econômica, retratados nos capítulos três e quatro do livro.
Em 2007, houve a ampliação dos trabalhos de consultoria, direcionados também para o desenvolvimento comunitário inclusivo, marcado pelo debate sobre a valorização da diversidade humana na sociedade. Foi organizado o terceiro programa do instituto, “Desenvolvimento Social Comunitário Inclusivo”, abordado no capítulo cinco da obra.
Dez anos depois, o IP encerraria seu trabalho com consultoria, atuando para a disseminação de informações e disponibilizando o acesso a materiais técnicos produzidos em suas atividades ou por acadêmicos e profissionais das áreas relacionadas com os programas desenvolvidos com o Instituto.
Sobre a obra
Relacionando teoria e prática e como ela foi fundamentada pelo IP, o livro traz em várias dimensões da inclusão da pessoa com deficiência: a educacional, a econômica e a social; planejamento e execução de projetos com gestores de escolas particulares ou de redes de escolas públicas, filiados a diferentes partidos políticos; empresários; gestores e agentes comunitários e os respectivos grupos de funcionários.
“Foi preciso compreender cada uma de suas necessidades e expectativas e compor projetos inclusivos diferenciados, a serem executados a curto, médio e longo prazos, contando com os recursos disponibilizados para cada uma de suas etapas. Esse exercício constituiu a metodologia do IP, expressa neste livro. Acreditamos ser essa a sua principal e complexa importância”, afirmam as autoras.
A obra também destaca as conquistas alcançadas pela população com deficiência na educação, em seu terceiro capítulo. Dentre elas, estão:
- O Plano Nacional de Educação, com metas e prazos a serem cumpridos pelos gestores públicos;
- A implantação de salas de recursos multifuncionais e orientação para o seu funcionamento; a criação do cargo do professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE);
- Práticas institucionais que contemplam a obrigatoriedade escolar no ensino fundamental nos sistemas educacionais para todas as crianças, com ou sem deficiência;
- Práticas organizativas na escola, que promovem a acessibilidade para atender as demandas desse público, no sentido de garantir a equiparação de oportunidades entre os alunos da escola;
- Práticas didáticas que promovem a parceria entre o professor da sala regular e o professor do AEE e a provisão de recursos e serviços da Tecnologia Assistiva, quando necessários, para a equiparação de oportunidades entre os alunos.
Cientes da amplitude do tema e seus desdobramentos, Luiza Russo e Luiza Percevallis Pereira têm planos de lançar um segundo livro, que abordará mais informações específicas sobre cada deficiência, sendo algumas delas já incluídas nos capítulos seis e sete da atual publicação.