Movimento Em Desconstrução desfaz estereótipos e discute preconceitos 

Foto de Dudu do Cavaco, um homem branco, de cabelos curtos e escuros, sentado em uma poltrona e olhando para a esquerda. Ele segura um cavaquinho, que está de pé apoiado no no chão
Dudu do Cavaco, fotografado por Nila Costa para o Movimento em Desconstrução

Foto: Movimento em Desconstrução. Créditos: Nila Costa.

Por Elsa Villon

“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.” A frase do escritor uruguaio Eduardo Galeano exemplifica o mote do Movimento Em Desconstrução, conjunto de campanhas antipreconceito idealizadas pelo designer e ativista mineiro Marcos Guimarães. 

Organizadas em três temáticas por campanha, a ideia é promover a visibilidade de diferentes grupos sociais, promovendo reflexões e debates e propondo ações concretas para combater os preconceitos estruturais da sociedade. 

O ativista conta que o conceito surgiu depois de assistir a um discurso da escritora e ativista negra Sonya Renee Taylor: “Ela dizia que uma criança que cresce em uma casa onde se fala determinado idioma aprende esse idioma. O mesmo acontece com os discursos de ódio, preconceitos, opressão. Portanto, eu aprendo a ser preconceituoso e reproduzo isso na sociedade”. 

Seguindo a premissa de que o meio influencia o ser, a ideia do movimento surgiu em julho de 2020, e, em agosto, a primeira campanha, com temas como racismo, LGBTfobia e machismo, chegava às redes sociais.  

O intuito foi abordar os assuntos em diferentes formatos para a internet: entrevistas, podcasts, lives e um canal com vídeos no YouTube: “Envolvemos figuras públicas, como influenciadores, artistas, ativistas e demais pessoas que tenham alcance de público para fazer a mensagem chegar às pessoas, como Fábio Porchat, Nany People e Fafá de Belém, alguns dos embaixadores do movimento”. A divulgação foi além e chegou até a cantora norte-americana Madonna, que também aderiu à campanha. 

O site também é um portal de conscientização que dá visibilidade para iniciativas e instituições para que possam receber apoio de doadores nas demandas que precisam. Com o mote “Você me vê como eu me vejo”, a atual campanha conta com uma exposição itinerante pelas capitais e interior do Brasil com imagens inéditas das campanhas anteriores, além de um livro de fotografias para arrecadar fundos para as ações do movimento e parceiros. 

O capacitismo em desconstrução

Marcos conta que logo que lançou o primeiro ciclo temático, já estava pensando no próximo, e a inclusão de pessoas com deficiência foi uma das sugestões dadas pelo público: “Recebi muitas interações pelo Instagram do movimento e a maioria era para falarmos sobre gordofobia e capacitismo, que entraram nesse novo ciclo. Eu também pensei em outros tópicos muito importantes, como o etarismo e pressão estética”, destaca. 

Para abordar uma das causas do segundo ciclo, o movimento contou com a participação da influenciadora digital Pequena Lo, da ex-atleta e palestrante Laís Souza, dos atores Luciano Mallmann, Giovanni Venturini, Juliana Caldas, Breno Viola e Tathi Piancastelli, da modelo Maria Júlia, do músico Dudu do Cavaco, do jovem Noah Bueno Ribeiro e do palestrante e consultor em acessibilidade Marco Antonio Pellegrini. 

Ao todo, 130 figuras públicas já foram envolvidas nas duas campanhas, além do público em potencial atingido pelas ações nas redes sociais e pela divulgação na TV. Mas, de acordo com o ativista, essa lista não para de crescer: “São pessoas envolvidas no projeto de construir uma sociedade mais inclusiva e diversa”. 

Além disso, o movimento  conta com a parceria de outras instituições, como o EducAfro, Justiceiras, Justiça de Saia, BHarbixas, Retiro dos Artistas, Mano Down, entre outras, sempre relacionadas às campanhas. 

Engajar é preciso

Para Marcos, o principal objetivo das ações realizadas é “mudar a cultura discriminatória para uma percepção maior do papel do ‘Eu’ nesse contexto, pois não há desconstrução de preconceitos sem a autorresponsabilidade e a consciência de que, embora sejamos frutos da nossa criação desde crianças, podemos como adultos desconstruir essas estruturas”. 

Para finalizar, ele deixa um apelo para que mais pessoas apoiem o movimento e se unam à causa: “Temos campanhas de arrecadação de recursos, pois não temos patrocínios e tudo que fazemos é com trabalho voluntário. Quem puder apoiar pode entrar no site ou em nossas redes sociais. E lembrar sempre que a desconstrução de preconceitos é um trabalho diário e de persistência”. 

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