Por Luiza Russo e Flávia Cintra, sócio-fundadoras do Instituto Paradigma
O ano era 2003. O Brasil vivia uma onda de esperança com a visibilidade das pautas da inclusão social e a promessa da redução das desigualdades. A educação inclusiva democratizava o acesso ao sistema público de ensino ao mesmo tempo em que a Lei de Cotas abria espaço no mercado de trabalho para os profissionais com deficiência. O futuro havia chegado. Um mundo mais justo se apresentava possível.
Foi nesse cenário que nascemos como Instituto Paradigma, fruto da experiência acumulada pela Associação Brasileira de Apoio Educacional ao Deficiente – ABAED, ao longo de 12 anos dedicados à educação inclusiva. No dia 06 de maio de 2003, aceitamos o desafio de abarcar na nossa missão, além da educação inclusiva, a promoção da inclusão econômica e da participação social das pessoas com deficiência.
Nesses 18 anos, o Instituto Paradigma abriu estradas e pavimentou caminhos de inclusão pelos inúmeros lugares por onde passou, com parcerias, convênios, consultorias, ações de advocacy e desenvolvimento de projetos que tornaram possível o convívio igualitário entre pessoas com e sem deficiência nos mais diversos espaços.
Novos desafios se impuseram e novos aprendizados foram absorvidos. Nos adaptamos, nos reinventamos e amadurecemos. Hoje, nos vemos imersos em um contexto bem diferente daquele de 2003. Desde 2020, com a pandemia do Coronavírus, a humanidade vive a experiência do isolamento e das restrições tão conhecidas pelas pessoas com deficiência. Para todos, por enquanto, os encontros, os abraços e as rodas de conversa estão suspensos. Após duas doses da vacina, uma parte das pessoas retomará a liberdade possível à vida pós pandemia. Outras, porém, permanecerão isoladas se a sociedade não acelerar seu processo de mudança rumo ao respeito e à valorização da diversidade. Sabemos que o mundo não será mais como antes e estamos fazendo a nossa parte para que o “futuro normal” seja mais inclusivo e sustentável.
Comemoramos o nosso aniversário de 18 anos assim, sem festa e sem brinde, nos solidarizando ao luto que já abate mais de 400.000 famílias brasileiras. Atingimos nossa maioridade com a mesma esperança, trabalhando na gestão do conhecimento acumulado ao longo de nossa trajetória e produzindo conteúdos em atendimento às demandas desses novos tempos.
Somos pessoas incluindo pessoas. E trabalhamos para apoiar pessoas que incluem pessoas há dezoito anos. Nosso maior desejo é que, nos próximos dezoito, o nosso trabalho não seja mais necessário.